Sempre imaginei que após as “férias de verão” o governo teria capacidade para impor as reformas que tanto proclamou na oposição e que eram imperiosas consumar.
Esperava um impulso reformador e um discurso positivo, com uma mensagem objectiva e centrada na mobilização do todo nacional.
Nada disso se concretizou.
Verifico que Portugal está sem liderança, com trabalhadores públicos tristes, desmobilizados e indignados com um governo que tem demonstrado desorientação, amadorismo e desperdiçou todo o capital de confiança que nele tinha sido depositado, há menos de meia dúzia de meses.
A oposição está sonolenta, sem capacidade para absorver o descontentamento da população.
As centrais sindicais mais não têm sido que uma rede “mafiosa” que existe para eternizar os seus dirigentes. Entre a velha esquerda operária, amarrada aos seus tiques sovietizantes e a esquerda caviar do Bloco, são gentinha que se perpetua nos lugares, profissionais da contestação em quem não se pode confiar.
Os militares, eternos paladinos da defesa dos “valores de Abril”, velhos e obesos dos seus privilégios, procuram agitar a “força das armas”, como se de salvo-conduto se tratasse.
Os professores e os médicos, perplexos com a provável perda de privilégios, tornam-se nos mais qualificados interpretes das normas constitucionais, para as quais sempre se estiveram a borrifar.
Os magistrados revelam-se confusos e estupefactos com os constantes atropelos pelas normas jurídicas, estão órfãos do seu mundinho de “Lei e Ordem”.
Os policias, “cromos” protectores do poder político, o que é que irão fazer?