A Polícia Judiciária, tal como o país, mudou muito ao longo destas mais de seis décadas da sua existência. O seu modelo organizacional foi profundamente alterado com o novo milénio, marco importante da confusão que se instalou e subsiste até aos nossos dias.
De facto, desde o ano 2000, com a aprovação da nova Lei orgânica e da Lei de organização da investigação criminal (LOIC), que se criou uma enorme confusão no seio da PJ. Entre adaptar a PJ ao novo regime jurídico da investigação criminal em Portugal e o funcionamento quotidiano da Polícia Judiciária, face à nova Lei, os governos pouco ou nada fizeram (alteraram a designação das unidades orgânicas), praticamente tudo permaneceu igual.
Passados quase uma dúzia de anos, sobre a criação do Corpo Superior de Polícia, é tempo de nos unirmos na reclamação de que a PJ passe a ser efectivamente uma instituição que cumpra a sua Missão com determinação e empenho e, na vanguarda das novas tecnologias, enfrente com criatividade e dinamismo os desafios do conhecimento e da modernidade, e deixemos de ser uma polícia com estatutos profissionais e organização hierárquica com sessenta anos, interiormente esclerosada.
As actuais disfuncionalidades do estatuto profissional do pessoal da carreira de investigação criminal e as exigências da presente criminalidade, conjugadas com a orgânica funcional da Polícia Judiciária, são factores decisivos para o mal-estar que se pressagia no seio dos profissionais da investigação criminal.
O problema da liderança, da capacidade de motivar e influenciar os investigadores a aderirem voluntária e entusiasticamente aos objectivos de ter uma PJ ao serviço dos cidadãos na prevenção e no combate a todas as formas graves de criminalidade, não passa, na minha opinião, pela necessidade de termos um Director Nacional que seja magistrado.
Está na altura de dizer basta. Suprimam-se os magistrados na Polícia Judiciária.
Uma organização que vai fazer 66 anos tem que encontrar internamente pessoas com capacidade para, de uma vez por todas, assumir a sua história e a sua identidade.
Se o caminho se faz caminhando, a PJ e os seus profissionais têm que, de forma paciente e disciplinada, com humildade e respeito, conseguir cumprir os seus compromissos, de modo a que possamos ter uma gestão eficaz e eficiente das pessoas, que consigamos construir uma equipa que continue a prestigiar o nome da “nossa” Polícia Judiciária.
A propósito: VIVA A REPÚBLICA.
A propósito: VIVA A REPÚBLICA.
P.S.: Eu sei que é uma mudança radical de opinião (também nunca acreditei que me iam cortar 50% do subsídio de Natal), mas as actuais circunstâncias exigem arrojo e vontade de alterar este país para melhor, e a PJ é um pilar fundamental para que possamos continuar a afirmar que vivemos num Estado de direito e em Democracia.
Não estou assim tão certo da solução proposta relativamente aos Magistrados ou não, embora tenha uma aderência de partida a ela.
ResponderEliminarQuanto ao resto, talvez mais relevante, duas ou três ideias:(1) A nova Lei permite mais do que a mudança de nomes; o Decreto que a regulamentou evitou isso mesmo de forma a ir de encontro ao pretendido pela tutela - que tudo ficasse na mesma. (2) Seria útil ler o DL 35042 à luz do Séc. XXI e da realidade existente. A normal interpretação literal leva a que tudo fique na mesma mas é ofensiva para o autor, que certamente não daria igual redacção nos nossos dias. (3) Essa leitura actualizada dá-nos as grandes linhas de orientação: (a) Prevenir, detectar e investigar a criminalidade que afecta o cidadão enquanto membro da sociedade e não aquela que o afecta individualmente; (b) Quanto a esta última, apenas os crimes especificamente definidos em cada momento, na sequência de definições e prioridades claras de política criminal; (c) Apoio ao MP para os restantes casos com nível elevado de dificuldade na recolha da prova, sendo as prioridades estabelecidas a nível Distrital.
Quanto aos aspectos organizativos, apenas duas ou três ideias: (1) Estatuto profissional clarificado; (2) Redução das estruturas de apoio ao necessário à investigação criminal e integração das restantes no sistema do Ministério; (3) O LPC como estrutura autónoma de âmbito nacional com eventual integração com Medicina Legal (mantendo-se as equipas de recolha de prova, claro); (4) Criação de um sistema de análise de informação em detrimento de uma base de dados estática.
São apenas algumas ideias...
Bom dia.
ResponderEliminarNão percebo a vossa posição, é apenas para dizer que os Desembargadores também são magistrados.....
A Polícia Judiciária para nós que trabalhamos no terreno está muito bem, eu gostava de vos ver trabalhar no privado.
ESTOU de acordo...
ResponderEliminarVocês que são ou foram ou ainda são da ASFIC querem um Director Nacional Magistrado e depois não querem magistrados na PJ???
Quem vos percebe. Eu percebo a ASFIC está à deriva...